quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Erasmus

Hoje encontrei-me numa situação em que vários jovens estrangeiros, a residir temporáriamente em Portugal ao abrigo do programa Erasmus, davam a sua opinião sobre o nosso país e as gentes, e dizia uma polaca que estranhava muito o nosso modo de vida, dizia que lá na terra dela estava tudo organizado, tudo estruturado, cada coisa tinha o seu lugar, enquanto cá é "tudo ao molho e fé em Deus", não disse assim mas foi o que quis dizer, quando se trabalhava, não havia cá hora de almoço, nem pausa para café nem para cigarrinho, etc. uma italiana e um checo chamaram a atenção para o facto de em portugal se beber muito, inclusivé, frisou o checo, que parece que em Portugal sem bebida não há divertimento, mas o comentário que mais estranhei veio da boca de outra criatura que tinha ar de holandesa ou escandinava, não sei, pelo menos tinha ar do norte da europa, dizia que era muito dificil chegar aos portugueses, que só fazia amigos entre os outros estrangeiros e que os portugueses eram muito distantes e fechados.
Estamos tramados. Dantes eramos vistos (pela geração dos pais destes) como povo hospitaleiro, valorosos trabalhadores, de brandos costumes, talvez um pouco parolos, assim meios irmãos dos espanhois, país onde se come bem, etc. etc.
Agora somos vistos pela nova geração como bêbados, desorganizados, negligentes no trabalho, sorumbáticos, comunidade fechada (tipo amish, não sei), preguiçosos, adeptos do deixa andar, sei lá que mais.
Até fiquei baralhada, mas o que verdadeiramente me amofina é que nada disto é mentira, somos tudo isto e pior. Os pais deles só cá vinham de férias, estes vieram para cá estudar, não ficaram só pelo very typical, e ficam a conhecer-nos melhor. Não quero com isto dizer que inveje ou admire o modo de vida defendido pela polaca, mas o nosso também não é exemplo para ninguém.
Meditemos

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