quinta-feira, 7 de maio de 2009

A propósito...

Destes desabafos,
Há dez anos, ainda na casa dos vinte, ganhava mais do triplo do que ganho hoje e não tinha nem um terço das despesas que tenho hoje. Actualmente trabalho mas não tenho emprego, enquadro-me naquele rótulo de profissional liberal, que gere, em teoria, os dias de trabalho. Dois filhos depois, tive que repensar a minha vida e reajustar-me à realidade de ser mãe, abrandar no trabalho e tive que passar a aceitar somente trabalhos que não me exigissem viajar, ou seja desci vertiginosamente os degraus da escada profissional, quer economicamente, quer ao nível do status profissional. Não me arrependo, tive filhos porque quis e sempre soube que quando os tivesse, iria ser eu a criá-los. Sei que nem toda a gente se pode dar ao luxo que eu me dei, porque no fundo, hoje em dia, isto é um luxo e não uma fatalidade, continuo a trabalhar, menos é certo, mas não tenho que sair todos os dias de casa às 7 ou 8 da matina para manter um emprego, e regressar desgrenhada 10 ou 11 horas depois. Dou-me a esse luxo porque me disponho a viver com menos, e também porque o sr. pilares lá vai ganhando para a maioria das despesas familiares. Lamento que muitas mulheres não o possam fazer e o desejassem, e lamento também aquelas que podendo, jamais o fariam, com receio do atestado da incompetência mental e intelectual e por acharem que ficam mentecaptas só por darem o devido acompanhamento aos filhos. Creio que o melhor é procurar o equilíbrio, que se situa em pontos diferentes de pessoa para pessoa, mas devemos sempre acompanhar os nossos filhos enquanto são pequenos porque tudo passa a correr e quando houver lugar para arrependimentos já pouco há a remediar. Hoje trabalho menos do que gostaria e do que preciso, mas já não se deve somente às minhas opções, deve-se sobretudo à famosa crise que ainda veio limitar mais as minhas hipóteses face às limitações que eu própria impus. Paciência.

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